A menina grande: Neiva Bohnenberger
Fiz esses contos com intenção de “traduzir” para a linguagem mitológica alguns aspectos da vida real da mulher entrevistada no nosso livro O feminino e o sagrado: mulheres na jornada do herói.
Então, para esclarecer os que ainda não leram o livro e relembrar a quem leu, antes do conto há um pouco da biografia da pessoa a quem se refere.
A entrevista com Neiva foi feita na ampla sala de seu consultório nos Jardins. Ela é uma mulher alta, bonita e muito calorosa. Passa a sensação de uma doce forca da natureza.
Neiva Luci de Oliveira Bohnenberger é psicoterapeuta, casada, sem filhos. Nasceu em uma pequena cidade no interior do Rio Grande do Sul, de família simples.
Sua jornada começa quando, por causa de seu casamento, muda para São Paulo e se vê arrancada de suas referências, raízes, lugar no mundo. Passa por longo período depressivo e vai, passo a passo, curando suas feridas ao mesmo tempo que cura as feridas dos outros.
Neiva e sua história ilustram perfeitamente o arquétipo do curador ferido.
Existe uma vila distante, na qual todos os habitantes possuem uma moradia adequada ao seu tamanho e ao tamanho da vila.
Isso acontece porque, logo ao nascer, cada bebê ganha uma casinha mágica. Conforme esse bebe vai crescendo, a casinha vai crescendo com junto com ele, até ambos chegarem ao tal tamanho adequado.
Há algum tempo atrás, nessa vila nasceu uma menina, que também ganhou sua casinha.
Ali ela brincava feliz, fazendo tudo que era esperado que todo mundo fizesse.
Mas, certo dia, essa garota viu um gnomo na beira do rio. Ela se encantou com ele, que era mesmo parecido com o rio: azulado, corrediço, escorregadio, imprevisível.
O gnomo lhe ofereceu, num copo de prata, um pouco da adocicada água de seu cantil. A menina, que é meio gulosa, bebeu com gosto.
E, desse dia em diante, ela começou a crescer rápida e intensamente. Pernas, pescoço, cabeça: tudo nela foi ficando maior que dos coleguinhas.
Na escola, ela teve que ir para o fim da fila, ficando isolada dos outros.
Alem disso, sua casinha não acompanhou esse desenvolvimento fora das normas estabelecidas, e continuou aumentando como era esperado que a garota aumentasse, ou seja, muito pouco.
Logo, a casa estava pequena demais para o tamanho da dona.
Ela não se conformou facilmente, e insistiu em ficar na casinha.
Como uma arvore que quer voltar para o vaso que a abrigava quando era uma mudinha, ela se apertou lá dentro – mas as pernas e os pés ficaram de fora.
Não teve jeito: suas raízes tinham se expandido demais.
Como um adulto que quer vestir seu pijama de criança, ela se espremeu lá dentro, mas a casinha – pluf! – estourou nos cantos.
Não teve jeito: ela era grande demais, mesmo.
Ficou tão grande, que as casas da vila lhe pareceram casinhas de boneca.
Ficou tão alta, que conseguiu enxergar muito além da vila.
Então, conseguiu ver, lá no horizonte, um amplo caminho que ia em direção a uma montanha azulada, da cor do seu gnomo.
Assim, a menina deu o primeiro passo para fora da vila, tomando o caminho onde a cada avanço o mundo se expande mais e mais.
Caminho que segue ainda hoje, ajudando outras meninas e meninos grandes, que também não cabem em pequenas casinhas, a irem em direção á montanha azulada, situada no Grande Reino de Si Mesmas.
Que belo texto ! Acredito que para cada um que o lê , passa uma mensagem única. Para mim , lembra uma das maiores lições que TIVE que aprender na vida : ESPERAR O MEU TEMPO COM A CERTEZA DE QUE , FAZENDO MINHA PARTE , MEU ESPAÇO VITAL É GARANTIDO . De todas as vezes que interferi neste processo , dei a mão à palmatória . Mas VIVA A MATURIDADE , OS TOMBOS E OS FUNDOS DE POÇOS !!! A subida é maravilhosa !
A história desta mulher, Neiva Bonhemberger, não é apenas uma biografia,mas uma homenagem!!!!!!!!!
Merece todo o sucesso que tem, já nasceu com o dom de gerenciar a vida,é uma fortaleza frágil, muito admirada pelos seus amigos e querida demais pelas crianças. Benditas são as pessoas
amadas por ela,sua marca está registrada!!!!
As vezes ficamos tao fechados em nossos mundinhos que nao enxergamos as oportunidades que a vida nos dá né?
Adorei o post.
Ursula
ursulaferraricoach.wordpress.com
Adoro os contos da Bia e ela inspira meus desenhos…e a vida dessas mulheres e a coragem de contarem para nós e através de nós "para o mundo", me encanta…
Gracias a la vida!
Cris
Regiani diz:
Adorei este conto.
Neiva, es uma pessoa que deixa os amigos muito felizes. Sempre serás a nossa "rainha" que se transformou numa profissional maravilhosa.
Taquara, 24 de novembro de 2010
SINCRONICIDADES
Neiva!
Imagina só… tu uma "normalista" e eu uma "simples ginasiana" no Colégio Santa Teresinha de Taquara/RS. Já chamava a atenção de todos, pela altura, pela beleza e hoje sei que não era só a beleza externa como a beleza interna.
Tem um ditado que diz: Tamanho não é documento, mas para a Neiva tudo se reverte:
Tamanho é documento, pois ela é alta, ela é grande… em bondade, em beleza, em amor.
Obrigada por seres minha amiga.
Grande beijo
Ana Lúcia
Tive a grande oportunidade na vida de acompanhar a jornada desta grande mulher. Foi um prazer imenso, muitas vezes dores sofridas juntas.Guardo comigo há muitos anos uma frase recebida dela que diz que a vida nos fez amigas, mas o amor nos fez irmãs. Obrigada pela nossa jornada e que ela seja sempre compartilhada como foi até hoje. Ivonete Garcia, amiga irmã de faculdade e consultório, juntas ,compartilhando essa jornada há 36 anos!
Querida Neiva.
Que alegria poder compartilhar da sua história de fadas.Ficou muito linda e fala da eterna criança que você é.Gostei.Parabéns.
Regina Figueiredo.
Queridas…ler… reler…visitar estas memórias é convidar a Alma para dançar… e Ela aceita. Obrigada a todos e um grande abraço as autoras…para sempre no meu coração!!!!
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