O Feminino e o Sagrado um jeito de olhar o mundo

A menina dançarina: Renata Carvalho Lima Ramos

Eu, Bia, escrevi uns contos tipo de fadas para “traduzir” para a linguagem mitológica alguns aspectos da vida real da mulher entrevistada no nosso livro O feminino e o sagrado: mulheres na jornada do herói, e a Cris fez os desenhos do conto, ao lado. Abaixo um pouco da entrevista e biografia da Renata e mais abaixo o conto.

Essa entrevista foi feita na livraria Triom, numa sala com portas de vidro abertas para um jardim onde uma romãzeira estava carregada de frutos. Renata é uma mulher alegre, que passa muita leveza. Ficamos nos perguntando se ela é leve porque lida com dança ou se lida com dança porque é leve…

Nascida em julho de 1949, é divorciada, mãe de três filhos homens. Já madura, numa viagem à Findhorn, na Escócia, num momento quase mágico ela descobriu a dança circular, e daí para frente nunca mais deixou de dançar. Hoje, Renata é instrutora de dança circular sagrada. É uma das principais responsáveis por sua difusão no Brasil e forte referência nesse assunto.

 

“Num país batido pelos ventos gelados do Mar do Norte, um elfo da Dança e um elfo da Alegria faziam parte de uma animada roda de dança. No rápido ritmo da musica, eles pulavam, batiam palmas, davam giros e riam escancarados, de puro gozo, igualzinho a todo o mundo. Só que não eram vistos.

As pessoas mais sensíveis percebiam que eles estavam lá, por causa do brilho e da enorme alegria daquilo. Mas, ver, mesmo, naquela noite só uma moça conseguiu. Não só ela viu os dois, como ficou tão encantada pela dança que exclamou:
– Gente, o que é isso mesmo?!? Eu quero mais, que coisa incrível!

O contentamento tomou conta dela, que naquele momento soube que jamais deixaria de dançar em círculo. De fato, essa foi a primeira vez que a moça entrou numa Dança Circular, e também foi a ultima, já que ela nunca mais saiu da Roda. Dançando, ela voltou ao seu país de clima quente e morros suaves, e dançando continua até agora. 

Ela trouxe consigo os dois elfos daquela noite. Isso não quer dizer que a Dança e a Alegria abandonaram aquele pais, e nem que esses elfos não existissem antes no país de morros suaves. É que eles existem em muitas versões e roupagens, de jeitos diferentes em cada lugar. Além disso, eles adoram se multiplicar – e como esses dois elfos adoraram sua nova terra, eles têm se multiplicado mesmo: em cada lugar que dançam, costumam deixar mais um par deles mesmos.

Bom, em todas as outras historias de fadas, mais ou menos nesse ponto costuma aparecer algum problema. E nessa história, se apareceu algum problema, ele sumiu sem deixar vestígios, ou foi esmagado em algum sapateado. O que se sabe é que, depois que a moça conheceu a Dança, as coisas para ela deslizaram como um cisne nadando num lago.

Mas vou contar um segredo: isso aconteceu porque, na verdade, a tal moça também é uma elfa.
Por isso, naquela noite, ela conseguiu ver os outros dois elfos, e por isso ela tem uma leveza extraordinária, que facilita não só sua dança como também a sua vida.

Hoje ela é professora de Danças Circulares Sagradas. Nesses círculos, como as pessoas estão conectadas, o movimento de uma ajuda a outra a se mover, tornando as coisas mais fluidas e leves para todos. Ainda mais com uma professora-elfa!

De todo modo, dizem que, num grau mais próximo ou mais distante, somos todos aparentados com os elfos, que já nascem dançando…”

 

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