O Feminino e o Sagrado um jeito de olhar o mundo

A grande Mãe – parte 2


A grande Mãe era totalmente associada a natureza e suas leis. No começo dos tempos, os humanos formulavam a idéia do mundo abstrato conforme a realidade existencial concreta se apresentava para eles. Desse modo, a natureza quando os presenteava com as riquezas da terra era a Grande Deusa Bondosa e era a Mãe Terrível quando os castigava com a força dos seus elementos. Ela era vista, ao mesmo tempo, como aterradora, amorosa, poderosa e divina, portanto tão amada quanto temida.

Com o passar do tempo, os mitos mudam e de deusa única, essa Grande Mãe foi tendo filhos deuses que, muitas vezes, viravam também seus consortes; mas ela continuava a reinar como a deusa maior e a mais poderosa.
A religião da Grande Mãe era ctônica: todas as deusas e deuses viviam na superfície da Terra ou dentro dela. O Céu não era seu habit, era visto como uma espécie de estrada onde as deusas e os deuses viajavam. Foi com a chegada das religiões patriarcais que os deuses começaram a habitar o Céu. O sagrado saiu da Mãe Terra e se instalou lá longe, acima de todos os seres que nela habitam e de onde não conseguem se aproximar. Ao contrário, a Mãe Terra era honrada em seu próprio elemento. Era vista e reverenciada nos ciclo das estações, nos fenômenos da natureza, na riqueza e na beleza da terra, das estrelas, das montanhas, das águas, das plantas, dos animais.

Havia também a crença que a criação ocorria não apenas uma vez, como normalmente acontece nas crenças monoteístas patriarcais, mas constantemente, num processo de recriação eterno. Tudo era criado nela e retornava a ela na época da dissolução para novamente ser recriado. Era o poder da Grande Deusa Mãe que formava a criança no útero, a planta na semente, o pássaro no ovo: vida ou força vital eram nomes alternativos da Deusa.
Essa divindade feminina ancestral era vista como imanente, ou seja parte dela vivia em cada uma de suas criaturas; dessa forma tudo o que vivia era considerado sagrado e a humanidade não estava acima de nenhum outro ser vivente.

Trecho do livro O LEGADO DAS DEUSAS 2

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