O Feminino e o Sagrado um jeito de olhar o mundo

A coragem de tornar-se adulta e o desenho ENROLADOS


Acredito que separar-se psicologicamente dos pais é uma das principais tarefas para alguém se tornar adulto.
Nunca é fácil! Nós, no consultório, lidamos muito com essa questão.
E para as mulheres especialmente, a separação da mãe é complicada, cheia de idas e vindas, de ambigüidade, de culpa.
E não importa se a relação é ou foi maravilhosa, boa, razoável, ruim ou um completo desastre!

Você que me lê deve estar achando estranha essa introdução para falar do último desenho animado dos estúdios Disney: ENROLADOS.
Mas, não sei se por formação ou deformação profissional o que mais me chamou atenção no desenho (que eu ADOREI) foi a relação entre a Rapunzel e a Mamãe Gothel (a que sequestra Rapunzel e a prende na torre).
Essa Mamãe Gothel, que lembra muito a Cher, prende fisicamente a Rapunzel na torre, é claro, mas prende muito mais pela manipulação.
Ela fala o tempo todo para a menina que o mundo é hostil, perigoso e que Rapunzel é frágil, fraca, não sabe se defender e o único lugar onde estará a salvo é presa na torre. E protegida por ela, é claro!
E ela quer Rapunzel eternamente presa porque precisa da moça para não envelhecer.
Humm!!! Lembra certas relações, não?

Mas, enfim, a ânsia de liberdade da Rapunzel fica insuportável e ela percebe que não é tão frágil assim, confia um pouco mais em si mesma, toma coragem e desce da torre.

E aí acontece uma sequência hilária em que ela alterna a extrema felicidade de estar livre, com a extrema culpa de ter abandonado a mãe.
A clareza com que essas cenas, de um desenho infantil a princípio, retratam esse processo interno tão ambíguo é de tirar o chapéu. Viva a arte para nos servir de espelho.

Além de tudo, finalmente temos uma “princesa” Disney cuja busca principal é da sua liberdade e não de um príncipe encantado.

Mas, se esse papo psicológico não te interessa e você só quer entretenimento, pode ver ENROLADOS tranqüila. O desenho é lindo e muito, muito divertido!
Ah, e pode também levar as crianças!!!

Texto de Cristina Balieiro

5 comentários

  1. Ahhh, Cris, adorei teu comentário sobre o filme. Me identifiquei tanto com a bruxa Gothel (tenho vergonha de admitir mas é preciso) até pelo fato de ter tido minha filha aos 40 e sentir-me jovem toda vez que olho prá ela. Beijos saudosos!

  2. Anônimo disse:

    Clarissa, acho que todaas nós mulheres que tivemos filhas somos um pouco Mamãe Gothel. E, um dia também fomos Rapunzel com nossas mães…Acho que o importante é não esquecer isso, quando chega a hora das filhas descerem da torre!E, olha ela descerem da torre também, no fundo, é obter de novo nosso lado Rapunzel!!!
    Bjs
    Cris

  3. Anônimo disse:

    Também vi o filme! Também pude me ver a distancia, como se rapunzel fosse um filme da minha propria vida e eu já nao soubesse mais se era Mamae Gothel ou Rapunzel. Bjs e adorei este lugar. Virei sempre. Mah.

  4. Anônimo disse:

    Benvinda, Mah!
    Cris

  5. Anônimo disse:

    Por conta da minha mamae Gothel, sai da torre 4 vezes……..a ultima foi aos 50 anos…..kkkkkkkk

    Acho que o filme foi inspirado na minha vida….kkkkkkkk

    beijosssss

    Heloisa Paternostro

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