Jung e a escolha do próprio caminho
CARTA DE JUNG À SENHORA R.
Suíça
15.12.1933
Prezada senhora R.,
Suas perguntas são irrespondíveis, pois a senhora quer saber como se deve viver. A gente vive como pode. Não existe um único caminho determinado para o indivíduo, que lhe fosse prescrito ou adequado. Se quiser, dirija-se à Igreja católica onde lhe dirão isto e aquilo. Mas este caminho corresponde ao que é seguido pela humanidade em geral. Se, no entanto, quiser trilhar seu caminho próprio, então será o caminho que a senhora há de fazer, que não é prescrito para ninguém, que não se conhece de antemão mas que surge simplesmente por si mesmo quando se dá um passo depois do outro. Se fizer sempre aquilo que se apresenta como o passo seguinte, então andará da forma mais certa e segura ao longo das linhas prescritas pelo seu inconsciente. Aí não adianta nada especular sobre o que se deve viver. Sabe-se então também que isto não se pode saber. O importante é fazer silenciosamente a coisa mais próxima e mais necessária. Enquanto se acha que ainda não sabe o que é isto, é sinal que ainda temos muito dinheiro para gastar em especulações inúteis. Mas quando se faz com convicção o mais próximo e o mais necessário, então se faz sempre o que tem sentido de acordo com a psique.
Com os melhores votos e saudações cordiais
(C.G.Jung)
Cartas / Volume 1 – 1906-1945 pág.148