Se você não souber como meditar, observe as crianças!
Já viu como as crianças se abrem para as surpresas da vida? Esse estado de abertura carrega em si uma indagação, tipo: – Oba, o que de novo vou conhecer agora? Esse é o estado de meditação, de relaxamento, de pesquisa pura, o oposto da rigidez da ambição do ego que quer controlar tudo. Ser um pesquisador desse jeito é o caminho para a realização e a felicidade, diz Vimala Thakar, autora de livros sobre meditação de onde tirei esse trecho.
“Eu me pergunto se vocês já observaram como as crianças aprendem. Vocês as observaram nas classes, no lar, quando fazem os deveres de casa, o modo como se sentam, como tocam a lousa, a delicadeza, a flexibilidade e o desenvolvimento gradual e a manifestação da rigidez de seus modos, conforme elas vão avançando em anos?
O pesquisador é como uma criança flexível eterna. Ele é vulnerável ao toque da vida, está exposto, de qualquer ângulo, à realidade da vida, sem qualquer mecanismo de defesa. Na criança, o mecanismo de defesa não funciona, exceto no nível físico; no nível psicológico, a criança está exposta às vibrações da vida. Do mesmo modo, o pesquisador está exposto às vibrações da vida.
Assim, a brandura, a flexibilidade, que vão nos ajudar muito, serão imprescindíveis. .. Vocês sabem como as crianças são flexíveis e ternas. Todo o seu ser é uma chama de interrogação. Olhem para os seus olhos, seus movimentos; elas querem aprender e crescer. A humildade libera uma energia que não é nem física nem cerebral.
A brandura, a flexibilidade liberam muitas energias latentes – a muscular, a nervosa, a glandular, a cerebral e a não-cerebral – que estavam enclausuradas e bloqueadas devido à rigidez da consciência do eu. Elas são liberadas no momento em que somos flexíveis no espírito de indagação, e desejamos conhecer, descobrir, aprender através dos olhos, dos ouvidos, do nariz, através de cada nervo do ser.
Estar no estado de indagação é estar no estado de bem-aventurança, porque a indagação irá explodir na realização. A realização, ou a descoberta, nada mais é que o amadurecimento dessa indagação. Quando existe uma chama de indagação para aprender, para descobrir, para ver, para procurar, pela alegria em si, as inibições dos motivos, das intenções e ambições fenecem.”