O Feminino e o Sagrado um jeito de olhar o mundo

O herói inovador solitário é apenas um mito

Assim afirmou VACLAV SMIL, professor de uma Universidade canadense, a respeito daquela figura de cientista que, sozinho em seu laboratório, inventa algo de novo.

Num artigo publicado pela Folha dia 27/11, ele diz que “todas as grandes invenções são filhas de pais espalhados pelo mapa e que jamais se encontraram.”

Citando como exemplo a historia da eletrônica moderna, conta como as idéias, descobertas e elementos facilitadores foram pipocando em cadeia ao redor do mundo, e que no final não há um inventor, mas vários:
“- Há, sim, momentos eureca e alguns inventores deram contribuições individuais espetaculares. Mas prestamos atenção demais a alguns poucos e de menos aos muitos momentos de inovação significativa que vêm depois.”

Bom, apesar de deixar aqui meu protesto por ele usar a palavra mito em seu sentido popular, como sinônimo de mentira, isso vem ao encontro do que nós temos falado a respeito das mulheres.

As Jornadas femininas costumam acontecer em rede.
Não há tanto a figura de uma solitária heroína que parte à aventura deixando tudo para trás, mas sim a da que sai levando junto seus amores, filhos, amigos, gatos, papagaios…
A maioria das historias que contamos em nosso livro é assim; nós mesmas fizemos assim o próprio livro.

Então, achei interessante ler essa noticia onde, numa visão masculina sobre um tipo de herói masculino (o solitário cientista) também ocorre um processo mais coletivo, não individualista.
Ou até, indo mais longe, insinua-se aqui um processo quase de “captação” de alguma idéia que está no ar e que baixa à terra através de não apenas uma, mas de várias pessoas.

Seja como for, é bom pensar que a heroína que tece sua Jornada em rede talvez possa contar com a companhia de um herói que começa a admitir que seu trajeto possa ser mais compartilhado do que rezam as lendas tradicionais.
 

Texto e fotos de Beatriz Del Picchia

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