Índia! Exposição no CCBB em SP
Na definição oficial, sadhu é aquele que segue um caminho reto. Isso pode significar permanecer quarenta anos com um dos braços erguido, ou viver mergulhado no haxixe, ou nu, ou segurando crânios humanos nas mãos, jamais sair do próprio quarto ou ficar em constante peregrinação…
As referencias são outras. Um sadhu deve deixar família, laços sociais, renunciar ao ego: “não sou a mente nem o intelecto, e nem a voz interior”, diz o Vedanta.
E a consciência não alterada é considerada coisa de segunda ordem.
Isso está num filme exibido no segundo andar dessa exposição, que não foca apenas na parte espiritual e mais exótica da Índia.
Há tapetes, esculturas, pratos de mármore incrustados de pedras semi preciosas, bonecos feitos para acompanhar contadores de histórias, instrumentos musicais, gravuras, móveis, cores cítricas.
Fiquei muito tempo no subsolo, vendo fotos antigas.
Numa delas, de 1920, as seis concubinas de um sultão olham para a câmara. Uma com espanto, outra intimidada, outra encara a novidade com a mão na cintura, afirmativa; de outra mal se vê o rosto escondido pelas sombras do véu.
Outra foto sépia, de secadoras de esterco, mostra quatro expressivas mulheres exibindo-se entre pilhas de merda seca, usada até hoje, como em 1860, como combustível.
Marajás, muitos marajás, enfeitados com imensas pérolas costuradas nos turbantes. Ingleses em ternos brancos e espaços exclusivos.
Uma lotada escadaria do Ganges em 1863, exatamente do mesmo jeito em que a vi sete anos atrás.
E Gandhi, naturalmente onipresente.
Índia, outro mundo. Espetacular, terrível, Mãe Índia para mim.
Não perca.
Data: Até 29 de abril de 2012 – Horário: Terça a domingo
Local: subsolo, térreo, 1º, 2º e 3º andares – Rua Álvares Penteado, 112 – Centro
Bilheteria: Terça a domingo, das 9h às 21h
Telefones: (11) 3113-3651/52 Ingressos: Entrada franca
Texto de Beatriz Del Picchia