As pequenas grandes coisas, por Hermann Hesse e Adélia Prado
O foco no cotidiano, no pequeno e simples, era considerado típico das mulheres por causa da falta de opções que nos eram dadas no modo antigo de viver.
Essas pequenas coisas ficaram pequenas demais para muitas de nós, que fomos para as grandes coisas do mundo.
E agora? Trago hoje dois gigantes que pensam sobre pequenas coisas – sua poesia, sua ética, seu valor, sua estética – para serem reavaliadas e iluminadas para nós.
Para ler e pensar – Hermann Hesse
Eis o começo de todo declínio: dar importância somente às grandes coisas e tratar com negligência as coisas pequenas. Ter em alta estima a humanidade e, entretanto, maltratar os criados – ou seja, considerar sagrados a pátria, a Igreja, o partido, e, por outro lado, fazer mal o seu dever cotidiano – eis o princípio de toda decadência. Contra esta só existe um corretivo: começar pondo inteiramente de lado as chamadas coisas primeiras e sagradas – as convicções, a cultura, o patriotismo – e, em contrapartida, atribuir o máximo de seriedade às coisas pequenas e mínimas e ao serviço a ser prestado por nós a cada momento.
Ensinamento – Adélia Prado
a coisa mais fina do mundo.
Não é.
A coisa mais fina do mundo é o sentimento.
Aquele dia de noite, o pai fazendo serão,
ela falou comigo:
“Coitado, até essa hora no serviço pesado”.
Arrumou pão e café,,
deixou tacho no fogo com água quente.
Não me falou em amor.
Essa palavra de luxo.
post de Bia Del Picchia
No livro "Contos de Vidro" hermann Hesse resumo tudo que vc falou numa frase: queres falar do mundo fale da sua vila. Que vc lembrar desses dois monstros sagrados da literatura. Parabéns.